quarta-feira, 29 de julho de 2009

Quarta Dose - Arquivo

A Quarta Dose dessa semana chegou na quinta. Allan Dias Castro dá o seu recado e deixa um ciao fotografando momentos:



Raval – Barcelona 2009 Foto de Rafael Andrade


Até breve.

Existem pessoas que você nunca mais vai ver. Existem lugares em que você nunca mais vai estar. Por mais que volte a ver ou estar, jamais será da mesma maneira. E é inevitável: o tempo sempre vai se encarregar de transformar a saudade em mera lembrança. Mas quando você deixa um pouco de si, vivendo intensamente o agora, inconscientemente vai levá-lo consigo. É como se cada lugar ou pessoa que fez diferença em sua vida, deixasse um registro, uma fotografia de seu brilho natural - nem sempre visível, mas sempre presente. Basta que você consiga percebê-lo, e com o tempo, terá um álbum de estrelas.

Chegou a hora de me despedir das doses aqui no Chicultura. Quando você estiver lendo o poema abaixo, provavelmente eu já estarei a caminho de Santiago de Compostela.

Assim vou encerrar minha viagem, certamente levando meu álbum gravado na memória. Por ter vivido intensamente cada momento, lembrarei de muitas fotos em que apareço sorrindo.

Obrigado pela companhia, e até breve.


Álbum de estrelas

Toda foto é um adeus transformado em até breve

Pois não há tempo que leve

Este eterno nunca mais

Como estrelas que vão pro céu quando morrem a cada dia

Em um ciclo de nostalgia

À noite tornam-se imortais

Se a saudade é a lembrança que está presa na ampulheta

A cada instante obsoleta

E o tempo insiste em esquecê-la

Eu procuro sempre o brilho nas pessoas ou lugares

E pra que nada nos separe

Fotografo sua estrela

- comentem os posts do Allan lá no blog dessa figura, bjos!


E veio ele com mais uma: Allan Dias Castro e a QUARTA DOSE.

Cultura Futebol Clube

O Quarta Dose dessa semana é um desabafo. Isso, pede mais uma Chica no balcão que o papo é sério. Antes de começar meu curso na Escola de Escritores aqui na Espanha, resolvi fazer um intensivo de espanhol na Universidade de Barcelona. Primeiro dia, aquele clima de colégio, todos dizendo seu nome e de onde vieram. Até aí tranquilo, até porque meu nome, em espanhol, continua sendo o mesmo. E Brasil, todo mundo conhece. E é exatamente esse o problema, o Brasil que o mundo conhece. Depois da apresentação individual, o grupo formado por muitos americanos, dois japoneses, um grego, um francês e uma italiana, dava o seu depoimento a respeito do país de origem de cada colega, buscando um intercâmbio cultural. A nossa referência para os estrangeiros foi goleada: bunda e futebol. Tradução: vivemos no país das peladas. E a cultura? Enquanto a ignorância for a dona da bola, ela fica pra escanteio.


A música a seguir é para lavar a alma de todos aqueles que buscam na arte a sua forma de protesto contra a apatia e o conformismo, e que acreditam que quando a educação e a cultura forem realmente valorizadas, seremos mais do que itinerantes embaixadores de embaixadinhas pelo mundo. Salve!


A Grande Preocupação

Thiago Corrêa / Allan Dias Castro


Falando nisso, amanhã o Thiago vai abrir o show do Clube do Balanço no Opinião. Uma ótima dose de sambalanço. Tá aí a dica... beijo, Chica!


Quarta Dose - por Allan Dias Castro



Feliz, a guitarra chorou.

Pub Inglês, cachaça brasileira, pessoas do mundo inteiro falando a mesma língua: música. Foi neste cenário, em meio a músicos atentos a cada nota, e elegantes senhores de terno e chapéu, que vi Dílson Laguna tocar guitarra. Eu já tinha ouvido seus solos em algumas músicas do Thiago Corrêa, mas ao vivo foi a primeira vez. O que vi não foi apenas execução perfeita, mas sim, sinceridade e paixão pelo que se faz. Essa é a diferença entre viver de música e fazer da música a sua vida. Assim, os músicos foram à loucura, os senhores tiraram o chapéu, e feliz, a guitarra chorou.

Nas seguintes linhas tento descrever o sentimento:


De nascença

Com ela eu falo a língua do mundo
Sem precisar de uma palavra sequer
Assim, ela é a voz do seu eu mais profundo
Pois não é só o que você faz
Mas te faz ser o que você é

E não adianta buscar na luz do holofote
Ela está no brilho do olho
Essa é a diferença
Não se trata de escolha, nem mesmo de sorte
Música não é tatuagem
É de nascença


QUARTA DOSE

O rapaz tá inspirado pela arte e pela zoropa toda. Aí vai mais uma DOSE, por Allan Dias Castro (sempre ele).

A arte é livre. E ponto.

De Londres para Barcelona. Da Terra da Rainha para a cidade onde a arte reina pelas ruas, parques e museus. Entrando no clima, fui visitar a Fundação Miró, e além da exposição Miró / Dupin - Arte i poesia - onde pude ver pinturas do artista espanhol sobre a inspiração do poeta francês Jacques Dupin, destaco também uma obra que tentarei, creio que sem muitas dificuldades, descrever a seguir: uma gigantesca tela branca com apenas um ponto. Não, eu não estava com doses a mais de Chica na cabeça, era isso mesmo. Apenas um singelo ponto, e é claro, a valiosa assinatura de Miró. O que ele quis dizer com isso? Graças ao fone guia descobri que não se tratava de uma obra de Miró aos 3 anos de idade (como pensei a princípio), mas sim, de uma manifestação a favor da quebra de padrões estéticos ou regras em relação à arte. Resumindo, a arte é livre. E ponto.

Imediatamente lembrei de um texto meu que fala exatamente sobre a liberdade e alcance da arte. Assim que pude entrei em contato com o Pirecco, o grande nome da nova geração de artistas, mas que infelizmente o Brasil vai perder para o Canadá. O cara ta indo no próximo mês, e para minha sorte arrumou um tempo para dar vida ao referido texto através do seu talento com a pintura, iniciando assim, nossa parceria. Acompanhe abaixo o que escrevi, e a seguir o trabalho feito por Pirecco com canetas de tinta acrílica sobre a tela de 50cm x 70cm. Un fuerte abrazo y hasta pronto!


L`art Pour Tous

A arte é plena porque ganha corpo através do manifesto da alma.

E a alma de um artista não se restringe à sua imensidão e transborda através da inspiração.

A arte é pura porque vem da mistura. De idéias, de estilos, de sentimentos, misturas de vazio. A arte é protesto porque não se cala. E por isso é a voz da liberdade.

Uma vez livre, a arte é para todos.




Quarta Dose

por Allan Dias Castro



A voz do mundo em alto e bom som.

Sigo em Barcelona buscando doses de cultura para o blog da Chica, e o show do Orishas me pareceu um copo cheio. Não deu outra, o trio cubano mostrou porque pessoas de todas as partes cantam, em alto e bom som, toda veracidade de estrofes como “Tengo un hermano peruano, otro chicano, un chileno, un colombiano, un chino, un afroamericano”.
E é sobre esta pluralidade cultural que eu escrevo hoje. Esqueça aquele sujeito emburrado que te negou o visto dos EUA. Ignore a cara feia e as perguntas idiotas pelos aeroportos do mundo. Ninguém pode barrar uma boa música por falta de passaporte. A arte é livre para transitar por onde quer que existam pessoas de mentes abertas para recebê-la. E o melhor: ninguém paga multa por excesso de bagagem cultural.

Aí segue minha contribuição em forma de versos:


Todo mundo

Todo mundo tem um pouco do mundo todo
Todo mundo tem um pouco do mundo todo

Aquela japonesa tem os olhos negros
O filho do africano tem olhos puxados
Um norte americano de cabelos vermelhos
Leva em sua pele branca um Maori tatuado

Um índio brasileiro, tribo tupiniquim
Conta todas suas piadas em português
A loira europeia foi falar mandarim
E um cara lá na China aprendeu beijo francês

Todo mundo tem um pouco do mundo todo
Todo mundo tem um pouco do mundo todo

Deixe seu comentário aqui e no blog do Allan também, vale a pena dar uma olhada lá também! Até a próxima dose... bjos, Chica!

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